Já Aécio aparece em pelo menos seis pedidos de abertura de inquérito
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Superior 
Tribunal de Justiça (STJ) pedidos de abertura de inquérito contra mais 
de dez governadores em exercício, entre eles o de São Paulo, Geraldo 
Alckmin, do PSDB, que disputou a Presidência em 2006. O pedido sobre o 
tucano estaria relacionado a repasses que a Odebrecht fez para as 
campanhas dele ao governo de São Paulo, em 2010, e também em 2014. 
Segundo um dos delatores, pelo menos um dos pagamentos teve como 
intermediário Adhemar Ribeiro, cunhado do governador.
De todos os presidenciáveis que aparecem na nova lista de Janot, o 
senador Aécio Neves (PSDB-MG) deverá ser o que mais precisará dar 
esclarecimentos à Justiça. O nome do parlamentar aparece como um dos 
alvos centrais em pelo menos seis pedidos de inquérito dos 83 que o 
Ministério Público Federal apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF),
 na semana passada. Ele seria um dos políticos mais citados nas delações em que 78 ex-executivos da Odebrecht relataram pagamentos legais e 
ilegais para deputados, senadores e ministros, entre outras autoridades,
 em troca de benefícios para a empreiteira.
Em depoimento no início do mês no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o 
ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior disse que, em
 2014, repassou dinheiro de caixa dois a políticos do PSDB a pedido de 
Aécio, presidente nacional do partido. Os pagamentos somariam R$ 9 
milhões. Deste total, R$ 6 milhões teriam como destino as campanhas do 
Antonio Anastasia ao Senado; de Pimenta da Veiga ao governo de Minas 
Gerais e de Dimas Fabiano Toledo Júnior (PP-MG) à Câmara.
Outros R$ 3 milhões teriam sido repassados a Paulo Vasconcelos, 
marqueteiro da campanha de Aécio à Presidência da República em 2014. 
Benedicto Júnior falou sobre os supostos repasses para Aécio num dos 
trechos do depoimento que prestou ao ministro Herman Benjamin, relator 
do processo sobre supostas irregularidades financeiras na chapa 
Dilma-Temer na campanha de 2014. O processo foi aberto a partir de uma 
representação do PSDB contra a campanha dos adversários.
O executivo da Odebrecht teria falado durante 30 segundos sobre o caso. 
Antes de concluir a explanação, ele foi interrompido pelo ministro do 
Tribunal Superior Eleitoral.
MINISTRO PEDE ACESSO
A explicação é que ele não deveria falar sobre um assunto que não estava
 no foco da ação movida contra a presidenta Dilma Rousseff e o 
presidente (golpista) Michel Temer. Mas, antes de ser chamado para ir ao TSE, 
Benedicto Júnior prestou uma série de depoimentos a procuradores da 
Operação Lava-Jato e ofereceu mais detalhes da relação de Aécio Neves 
com a Odebrecht.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, pediu ao 
Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso ao conteúdo da delação 
premiada do ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal, conhecido 
como Cap. No pedido, a defesa do ministro citou reportagem do jornal 
“Folha de S. Paulo” informando que o delator teria passado R$ 500 mil, 
por meio de caixa 2, à campanha do tucano ao Senado, em 2010. A defesa 
do chanceler argumenta que ele só soube que foi citado na delação por 
meio da imprensa e precisa ter acesso aos depoimentos do delator para se
 defender.
Ainda segundo a “Folha de S. Paulo”, o delator afirmou aos 
investigadores da Lava-Jato que o pedido de doação foi feito pelo 
próprio Aloysio Nunes. O dinheiro teria sido entregue em três parcelas 
em hotéis da Zona Sul da capital paulista. Aloysio também pediu ao STF 
para ter acesso aos trechos das delações dos 78 executivos e 
ex-executivos da Odebrecht em que ele tenha sido mencionado. O relator 
da Lava-Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, vai decidir se concede 
ou não o direito ao chanceler.
Dos Amigos do Lula 
