Para oposição, proposta é um modo de abafar o caso do “propinoduto tucano”, mas corre o risco de ser aprovada
Por Rafael Zanvettor
Caros Amigos
Parlamentares da base aliada do PSDB na Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo (Alesp) colocaram em debate esta semana a votação do
projeto de lei 249/13, que tem como objetivo entregar à iniciativa
privada a Floresta de Itirapina, a Floresta de Cajuru, o Parque Estadual
de Campos do Jordão, o Parque Estadual da Cantareira e o Parque
Estadual do Jaraguá.
O deputado do PSol, Carlos Gianazzi, afirmou que a iniciatiava de
colocar o projeto em votação foi para desviar a atenção da tentativa de
montar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o
caso do “propinoduto tucano” nome dado ao escândalo de corrupção e
fraudes envolvendo o Metrô, a CPTM, empresas transnacionais, e
posivelmente, membros do governo estadual.
Sobre o projeto de lei em debate, Gianazzi afirmou: “Agora essa lei
apresenta o risco real de ser aprovada, estamos fazendo de tudo para que
a proposta não passe adiante, mas não temos mais ao que recorrer”.
Segundo ele, o projedo deve ser votado já na próxima semana.
Parques
O projeto foi enviado à Alesp pelo governador Geraldo Alckmin, que a
recebeu do secretário do Meio Ambiente Bruno Covas. A lei visa “conceder
o uso remunerado de áreas de manejo e de áreas de conservação
florestal” citados acima. O secretário, na justifica do projeto, escreve
que a manutenção e melhoria dos parques “exige ações custosas, que
demandam tempo (do qual o Estado não dispõe), elevados investimentos
(que o Estado também não dispõe) e recursos materiais e tecnológicos
diversos (igualmente insuficientes nas estruturas governamentais
tradicionais)”.
O deputado Luiz Carlos Marcolino, da bancada do PT na Assembleia,
afirmou que as reservas são de interesse estratégico para o Estado, e
por isso, a privatização colocaria recursos importantes para a população
na mão de empresas privadas: “Na Cantareira, boa parte da água de São
Paulo vem dessa região de serra; (o projeto) está dando para
uma empresa o controle da distribuição de água. O Pico do Jaraguá é uma
área com muitas antenas de telecominicação, que também estariam no
controle de uma empresa.”
CPI
Em razão desta votação, a oposição tem se mobilizado para tentar
barrar o projeto, sendo obrigada a deixar de lado a iniciativa de
realizar uma CPI. “Esta semana o govenro tem insistido em colocar muitas
votações pra fazer uma cortina de fumaça e impedir a votação e a
discussão de uma CPI, para abafar novas informações, por exemplo, de que
o caso da Siemens e a Operação Castelo de Areia esão ligadas. O governo
está tentando criar subterfúgios para desviar a atenção”.
A base do governo, composta pelo PV, PMDB, PSDB, PTB e PSD tem
conseguido travar a inciativa da CPI, que é apoiada pela ala minoritária
e conta com o Psol, o PCdoB e o PT. Até hoje, a oposição não conseguiu
protocolar nenhum pedido de CPI na Alesp, e a tentativa agora é de criar
um dialógo com a sociedade civil para que eles pressionem seus
parlamentares a realizar a CPI do “propinoduto tucano”.
Para aprovar a CPI, são necessárias 32 assinaturas, mas o bloco de
oposição conta com apenas 26 até o momento - são 94 deputados.
Convocação
Gianazzi protocolou no começo de agosto requerimentos de convocação
do atual presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco; do
presidente da CPTM, Mário Manuel Seabra Rodrigues Bandeira; do ex-
secretário de Transportes Metropolitanos José Luiz Portella Pereira, e
do atual responsável pela pasta, Jurandir Fernando Ribeiro Fernandes,
além do ex-governador de São Paulo, José Serra.
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