O Cafezinho vem investigando uma série de indícios de
irregularidades que estariam ocorrendo há anos no interior de uma das
maiores estatais de São Paulo, a FURP, o laboratório farmacêutico oficial do Governo do Estado.
Segundo diversos funcionários contatados pelo blog, há uma crescente
indignação interna com os desmandos, corrupção e negligência no órgão.
Finalmente, os funcionários conseguiram se organizar e enviaram uma
carta-denúncia ao Ministério Público, reunindo todos os indícios e
evidências de corrupção que conseguiram obter.
Caso essas irregularidades sejam comprovadas, falamos em desvios de centenas de milhões de reais, praticados sistematicamente ao longo de muitos anos.
Considerando que Geraldo Alckmin é médico, e que o maior problema do Brasil, segundo todas as pesquisas, é a saúde pública, temos aqui um escândalo que pode atingir proporções bíblicas
e não apenas comprometer a reeleição do atual governador, como
respingar na campanha presidencial de 2014, atingindo Aécio Neves.
Os funcionários criticam não apenas a ocorrência de desvios; a gestão do
órgão também é duramente questionada: “poucos produtos estão sendo
produzidos atualmente e, o mais grave, estão obsoletos. A Furp está
totalmente ultrapassada na sua linha de produtos em relação ao mercado.”
Os funcionários que fizeram a denúncia, todavia, não têm motivação
política. Ao contrário, tudo que desejam é uma gestão ética e
competente, independente de quem seja o partido no governo.
Neste link,
você poderá ler a Carta de Encaminhamento ao Ministério Público,
assinada apenas como “Funcionários do FURP”, na qual eles pedem às
autoridades competentes que investiguem as irregularidades no órgão.
Trechos da carta:
“Estamos encaminhando em anexo uma denúncia contendo indícios e
evidências de corrupção que estão ocorrendo há muito tempo na Fundação
para o Remédio Popular – Furp. Esse documento é uma pequena amostra da
situação em que a Fundação se encontra. Muitas outras irregularidades
estão ocorrendo. (…) Pedimos, de uma vez por todas, que esses diretores,
assessores e o superintendente sejam afastados e que sejam feitas
investigações completas nas contas da empresa, em todos os contratos e
também na parte técnica. Com base nos resultados, que os responsáveis
sejam púnicos e suas ramificações espalhadas pela Furp também sejam
identificadas e providências sejam tomadas.
(…) Chega a ser espantoso o descaso do Governo do Estado de São Paulo
com a situação da Furp. Suas contas não são avaliadas, sua gestão não é
aprimorada e se chegou ao ponto que está.
(…) Queremos a Furp de volta. Queremos bons administradores. Queremos
voltar a ter orgulho de trabalhar em uma fundação que contribui para a
melhoria da saúde da população. Queremos voltar a trabalhar com
dignidade e sermos respeitados como profissionais. Esta empresa não é
dos políticos e seus comparsas. Esta empresa é do povo.”
Neste outro link,
você encontrará a íntegra do relatório escrito pelos funcionários,
reunindo todos os indícios de superfaturamento, corrupção, licitações
fraudulentas e negligência, no interior da FURP.
As denúncias envolvem algumas fornecedoras de serviços e equipamentos à
Furp, como a Docprint, a Power Segurança e Vigilância, a RV Consult
Transportes e Logística, a Convida, a Provence Construtora, e a Guima
Conseco.
Os nomes que podem estar envolvidos em desvios, segundo a denúncia dos próprios funcionários, são os seguintes:
“O assessor técnico Gustavo Alexandre de Oliveira tem como papel
principal na Furp defender os interesses das empresas privadas que
querem fazer negócios na Furp. É ele quem recebe os fornecedores em sua
sala, articula as áreas responsáveis e fecha os contratos (porém não
assina). Depois disso, ele também é responsável por garantir o pagamento
ao fornecedor.
É necessário urgentemente afastar esse assessor e toda a direção da
Furp e investigar as possíveis propinas que eles estejam recebendo. Além
dele, existem outros funcionários contribuindo para isso, a saber:
Damião Amaral da Silva, recém diretor administrativo, Valmir Nogueira de
Lima, gerente de vendas (contrato da RV), Antonio Nogueira Sobrinho,
assessor de engenharia, entre outros que podem estar sendo beneficiados
com esses contratos milionários.”
As denúncias envolvem todo o tipo de mutreta imaginável num órgão
público: superfaturamento de serviços prestados, fraude em licitações,
serviços pagos e não realizados, negligência criminosa. A relação de
problemas listada pelos funcionários, segundo eles, é apenas uma
amostra. Some-se a tudo isso, a falta de respeito para com os
funcionários, que recebem alimentação de qualidade duvidosa, não
participam dos debates sobre planos de carreira, e sofrem com uma
estrutura cada vez mais precária.
Todos os anexos citados na denúncia estão aqui.
São documentos internos da FURP (relatórios, licitações, contratos,
fotos das obras não executadas, etc), obtidos com exclusividade pelo
Cafezinho.
E nada da Globo e da Veja publicarem
ResponderExcluirRealmente como eu esperava. Os desvios de dinheiro e obras super faturadas, assim como licitações duvidosas não são novidade para quem trabalha na
ResponderExcluirFurp. Um belo exemplo: Nem uma empresa de transporte de valores precisa instalar 400 câmeras em suas instalações, uma apontando para a outra.