segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dilma desmascara Aécio e conta: “Alckmin me disse que não queria fazer obras emergenciais”


A presidente Dilma Rousseff (PT) repudiou nesta segunda-feira (20) tentativa do candidato Aécio Neves  responsabilizar o governo federal pela falta de água no Estado de São Paulo.
"Qualquer tentativa de transmitir responsabilidade para o governo federal nós olharemos com grande estranheza. Não acredito que as estruturas do governo do Estado podem atribuir a nós qualquer responsabilidade ou qualquer omissão na ajuda. Nós ajudamos em todas as circunstâncias", afirmou a presidente em entrevista coletiva concedida a jornalista na capital paulista.
Em evento em Caeté (MG) nesta segunda, o presidenciável Aécio Neves (PSDB) afirmou que "talvez tenha faltado" maior atuação federal no caso e fez críticas à ANA (Agência Nacional de Águas).
 "Meu governo não vai terceirizar responsabilidades, vai assumir as suas e agir em parceria. Serei parceiro do Alckmin para enfrentar essas e outras questões", criticou o tucano.
"Eu não vou explorar de forma eleitoreira no seguinte aspecto: eu não ia falar sobre a questão da água. Até agora não falei. Podia ter falado. Lamento, já que trataram desse jeito, porque é lamentável a questão da água aqui", disse.
REUNIÃO COM ALCKMIN
Dilma relatou que recebeu avaliações sobre os efeitos da seca em São Paulo em fevereiro deste ano e que, em março, recebeu Alckmin em uma audiência no Palácio do Planalto para discutir a questão.
"Quero registrar que o governador sempre tratou essa questão em alto nível", pontuou.
"Eu disse pro governador: 'Pela minha experiência, o senhor deveria fazer obras emergenciais porque tudo indica que esta seca se prolongará e vocês não tem capacidade de abastecimento de água suficiente'", contou a petista.
Segundo a presidente, na reunião, Alckmin disse que não queria fazer obras emergenciais, mas que gostaria que São Paulo fosse enquadrada em RDC (Regime Diferenciado de Contratação), tendo em vista negociações com o Estado do Rio de Janeiro para a transposição de água do rio Paraíba do Sul.
"Disse a ele que o governo federal, dentro de suas atribuições, poderia ajudá-lo sempre que fosse o caso. Por exemplo, ajudando no financiamento", disse Dilma.
A presidente afirmou que, recentemente, foi procurada pelas empresas envolvidas na construção do sistema São Lourenço -obra do governo estadual para abastecer a região metropolitana de São Paulo-e que elas lhe pediram um financiamento de R$ 1,83 bilhões a juros subsidiados. Segundo Dilma, o dinheiro "será liberado ainda essa semana, talvez amanhã".
O contrato para a PPP (Parceria Público Privada) do sistema São Lourenço foi fechado com o governo estadual em agosto deste ano. A obra foi orçada em R$ 2,21 bilhões, valor que será bancado integralmente pela empresa vencedora da licitação, uma parceria da Andrade Gutierrez e Camargo Correa. O sistema pretende ampliar a capacidade de água tratada para a Região Metropolitana de São Paulo em 7% até 2018.
"O que a nós foi pedido, nós fizemos", afirmou.
A presidente comparou a situação hídrica do Estado com a que resultou em um racionamento de energia elétrica em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
"Eu concordo que essa seca é mais intensa que a de 2001 e a de 2002, quando houve um ano de racionamento. Se a situação nossa [de geração de energia elétrica] hoje fosse similar àquela época, teria um racionamento 'brabo'. Por que não houve? Porque nós passamos a planejar o crescimento e o investimento no setor elétrico", disse Dilma.

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