Condutas anticompetitivas fazem a população pagar mais caro
e, paralelamente, receber serviços de qualidade inferior, afirmam
promotores na ação em que pedem dissolução de 9 empresas e devolução de
quase R$ 1 bi para o Tesouro
Por Brasil de Fato via Portal Metropole
O Ministério Público Estadual afirma que a população de São Paulo
‘sofre’ com o cartel dos trens nos contratos bilionários do Metrô e da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) feitos durante os
governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.
“Quem mais sofreu e ainda sofre com os desmandos decorrentes da
divisão premeditada das fatias desse mercado é a população de baixa
renda que depende dos trens para se locomover e, assim, ter acesso ao
trabalho e, em última análise, garantir a própria subsistência”, aponta a
ação.
A ação que tramita na Justiça nesta quinta-feira, 10, pede dissolução
de nove empresas, entre elas as multinacionais Siemens, Alstom, CAF,
MPE e Bombardier, além da devolução de quase R$ 1 bilhão ao Tesouro.
Promotores que integram a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e
Social afirmam que ‘os fatos deixam evidente que toda a sociedade
paulista, sobretudo a população da Grande São Paulo, foi e continua
sendo lesada de forma difusa pelas práticas anticompetitivas instituídas
e operadas pelas demandadas’.
Segundo os promotores, houve formação de cartel em contratos de
manutenção de 88 trens das séries 2000, 2100 e 3000 da CPTM, firmados em
outubro e novembro de 2007 (governo José Serra, do PSDB) e com
aditamentos em 2011 e 2012 (governo Geraldo Alckmin, PSDB).
“Coube à sociedade suportar o ônus financeiro pela prática criminosa
do cartel”, afirmam os promotores. “A população ordeira, cumpridora de
seus deveres tributários, teve que pagar mais caro em razão das condutas
anticompetitivas. Em contrapartida, recebeu serviços de qualidade
inferior àqueles que receberia se tivesse havido competição. Portanto,
além do prejuízo financeiro, houve manifesto prejuízo social, com
dispêndio excessivo e indevido de gastos suportados pela CPTM.”
Posicionamento
A CPTM afirma não ter sido notificada sobre essa ação. A Companhia
informa ter ingressado na Justiça contra 19 empresas para exigir
ressarcimento aos cofres públicos.
A CAF informou que não se manifestará sobre o assunto. A Alstom
destacou que apresentará sua defesa “às autoridades competentes”. A MPE
afirmou que “não tem nada a esconder e sempre colaborou com a Justiça.”
A Tejofran afirma que não foi notificada dos termos da ação, mas
reiterou que participou de consórcio conforme permitido pela legislação.
“A empresa obedeceu exatamente às disposições do edital e realizou
todos os serviços previstos em contrato, com preços competitivos, razão
pela qual venceu a disputa.”
A Siemens assinalou que, por iniciativa própria, “compartilhou com o
CADE e demais autoridades informações que deram origem às atuais
investigações quanto às possíveis práticas de formação de um cartel em
contratos do setor metroferroviário.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário