Após três semanas de resistências e obstruções da Bancada petista, a base de sustentação do governador Geraldo Alckmin aprovou na noite desta quarta-feira (16/11) o projeto que transforma o Hospital das Clínicas em regime de autarquia especial, o que possibilitará o hospital público voltar-se ao setor privado em detrimento ao atendimento dos pacientes do SUS.
Num placar de 78 votantes, composto por 58 votos favoráveis e 19 contrários, o projeto de autoria do governador Alckmin, que esteve tramitando desse 2006 no Poder Legislativo, sofreu críticas e levou os líderes governistas à derrota na semana passada, quando impuseram a propositura na pauta de deliberação.
Condenado pelos petistas e outros deputados que compõem a oposição ao governo tucano, o projeto, na avaliação do deputado Luiz Claudio Marcolino, vice-líder do PT, é mais um passo no desmonte do patrimônio público do Estado de São Paulo, levado a cabo pela gestão tucana. “Desde que o PSDB chegou no comando do Estado, perdemos os bancos Banespa e Nossa Caixa, a Eletropaulo, as rodovias e a população vive os reflexos dessa política privatista, com a péssima qualidade dos serviços e os custos aviltantes”, destacou.
Marcolino lembrou ainda que, nas audiências públicas regionais do Orçamento, a população clama por hospitais regionais. “Precisamos de hospitais regionais estruturados, que atendam as comunidades locais. A demanda é recorrente em diversas partes do Estado. Vimos em Piracicaba, Santos, Jundiaí, entre outros. São Paulo está na contramão do fortalecimento do SUS, na busca da constituição de um sistema de saúde pública de qualidade.”
Inflamado, o parlamentar Adriano Diogo protestou contra aprovação do PLC e lembrou que o HC será um hospital voltado a pacientes de convênios de cinco, seis estrelas, só para ricos. “Hoje é um dia histórico, estão atacando o SUS em São Paulo, venceram aqueles que acreditam no poder de dinheiro”, lamentou.
Na sequência, o petista líder da minoria, João Paulo Rillo, endossou as manifestações de Adriano. ”Esta é a maior atrocidade que a Assembleia já cometeu, entregando um patrimônio público de excelência a um pequeno grupo de privilegiados, descaradamente. A ignorância conveniente é vexatória. O que temos aqui é um golpe contra a saúde pública no Estado de São Paulo,” protestou.
Além da falta de seguridade de atendimento ao SUS, a Bancada do PT questionou também os processos de debate da propositura, apontou a ausência de um Conselho Gestor democrático, constituído de representantes de usuários, funcionários, Poder Legislativo, Ministério Público entre outros. No entanto, os governistas ignoraram a reivindicação e sustentam que o hospital manterá o atendimento aos pacientes do SUS, e alegam que abertura o HC ao setor privado vai trazer benefícios financeiros, agilidade e modernização aos serviços prestados pelo hospital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário