No último mês, o Jornal da Tarde, que circula apenas na Grande São
Paulo, publicou uma série de reportagens investigativas sobre a
corrupção na Sabesp. Nelas aponta que as empresas que atuaram na Sanasa,
na cidade de Campinas, também atuaram no governo do estado.
As matérias mostram a formação de um verdadeiro cartel para fraudar licitações. Em setembro de 2010, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) prendeu José Carlos Cepera, que controlava um grupo de seis empresas: Lotus Serviços Técnicos; Pluriserv Serviços Técnicos; Infratec Segurança e Vigilância; São Paulo Serviços; Pro-saneamento Ambiental e O.O. Lima Empresa Limpadora, todas limitadas e registradas em nome de laranjas. Além disto, a uma ramificação, apontada pela polícia federal que chega a região do Vale do Paraíba.
A máfia
presidida por Cepera manteve contratos desde 1995 até hoje contratos com
o Ledislativo, Judiciário , Poder Executivo e o próprio Ministério
Público como aponta a matéria do site Terra intitulada “MP apura ligações de suspeitos de fraude a governador”. Isso por si só mostra o poderio destas empresas e as relações de proximidade entre este grupo e o poder público paulista.As matérias mostram a formação de um verdadeiro cartel para fraudar licitações. Em setembro de 2010, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) prendeu José Carlos Cepera, que controlava um grupo de seis empresas: Lotus Serviços Técnicos; Pluriserv Serviços Técnicos; Infratec Segurança e Vigilância; São Paulo Serviços; Pro-saneamento Ambiental e O.O. Lima Empresa Limpadora, todas limitadas e registradas em nome de laranjas. Além disto, a uma ramificação, apontada pela polícia federal que chega a região do Vale do Paraíba.
Segundo nota do Ministério Público Estadual, a fraude é de, pelo menos, R$ 615 milhões e
“a organização criminosa realizava as fraudes através da corrupção dos
agentes públicos responsáveis pela licitação ou através do ajuste com
empresas concorrentes, sem conhecimento do órgão público, sempre através
da entrega de vantagens financeiras em dinheiro”.
Além
de Cepera, foram presos na naquela ocasião, Luiz Arnaldo Pereira Mayer,
dono da Saenge, Gregório Wanderlei Cerveira, dono da Hidrax, e Dalton
dos Santos Avancini, da Camargo Correia.
A
polícia federal, no rasto da operação Castelo de Areia, fez uma grande
investigação sobres estes grupos criminosos e repassou-a para o
ministério público que preferiu por “questões estratégicas” apenas
continuar as averiguações entre as relações destas empresas com a cidade
de Campinas, que curiosamente apoiaram o governo Lula e a eleição de
Dilma. E lá prendeu a esposa do ex-prefeito, cassado no sábado, e vários
secretários que fariam parte da denominada “republica de Corumbá”. Pelo
que se sabe as “organizações Cepera” e a Saenge tem contrato de
aproximadamente R$ 100 milhões com esta prefeitura.
Em
maio, o Estadão revelou que um grampo destas investigações cita que o
dono dá Saenge, filiado ao PSDB, teria relações fortes com três tucanos,
como mostra a materia:
“Monitoramento do Ministério Público (MP) também flagrou diálogos do empresário Luiz Arnaldo Mayer com um homem não identificado. Na
conversa, se diz que Aparecido, José Henrique Reis Lobo, ex-presidente
municipal do PSDB de São Paulo, e o deputado federal tucano Ricardo
Trípoli (SP) estão “intercedendo” nos negócios de outro empresário, José
Carlos Cepera, apontado como líder do grupo que teria desviado R$ 615
milhões dos cofres de Campinas.
O
teor dos diálogos indica que o empresário teria o compadrio de um
deputado para transitar por gabinetes da Assembléia e do Palácio dos
Bandeirantes. “O conteúdo dos diálogos deixa muito evidente que as
questões referentes às suas (de Mayer) contratações públicas estão intimamente ligadas a contatos e relacionamentos políticos”, destaca o relatório do MP.”
Na mesma nota de setembro de
2010, o MPE menciona contratos dessas empresas com o governo paulista,
especialmente a Sabesp. Os contratos com as empresas que atuaram em
Campinas com a Sabesp atingem
R$ 1,75 bilhão, sem contar os contrato bilionário da Camargo Corrêa com a
linha 4 do Metrô e o corredor noroeste em Campinas, como mostra a
tabela abaixo:
Estranhamente a Saenge teve novos aditamentos de contratos em 2011 e a
pluriserv, um dos braços das empresas de José Carlos Cepera, teve 12
aditamentos de contratos que somam R$ 2,5 milhões. Estes fatos mostram
sequer há investigação e não se interrompeu a execução destes contratos.
Para quem não se recorda ou não sabe, o dono da Saenge, Arnaldo Mayer, é filiado ao PSDB. Somente após denúncias publicadas noJornal da Tarde e representação de deputados do PT, o Ministério Público resolveu abrir investigação sobre a Sabesp.
Mas se o MPE já se sabia isso desde 2010, por que não investigou o
governo dos tucanos? Como o Ministério Público mantem contratos com
empresas que é acusada por ele próprio de fraudar licitações? Com estas
empresas conseguiram estar presentes em todos as esferas da
administração pública? Por que só foi investigado o caso de Campinas,
cujo prefeito é um aliado do presidente Lula? Mistérios que precisam ser
desvendados por jornalistas investigativos....
Vários diretores da Sabesp aparecem contratando as empresas investigadas
pelo Ministério Público ou se unindo a elas em consórcios. Um dos
envolvidos é o engenheiro Umberto Semeghini, que deixou a empresa
Gerentec para trabalhar na Sabesp. Na época, ele conseguiu a proeza de
elevar os contratos da Gerentec com a estatal paulista em 187%. Pularam
de R$ 40 milhões para R$ 115 milhões. Uma dica sobre as relações de
Umberto Semeghini aparece na matéria do Jornal da Tarde:
“Amigo pessoal do ex-governador Alberto Goldman (PSDB), com quem atuou
no Ministério dos Transportes no governo Fernando Henrique Cardoso ,
Semeghini não é filiado a nenhum partido político, mas mantém laços
políticos com outros tucanos. Em 2004, por exemplo, ele doou R$ 3 mil
para a campanha da ex-prefeita de Itapevi, Dalvani Caramez”.
O modus operandi de
Umberto Semeghini foi seguido por Nilton Seuaciuc, da Vitalux
Eficiência Energética. Os seus negócios com a estatal paulista cresceram
250%. Nilton foi assessor de Paulo Massato, diretor metropolitano da
Sabesp. Massato, por sinal, foi quem mais assinou contratos com as empresas investigadas em Campinas.
Já Marcelo Salles, diretor da Sabesp e ex-diretor da ETEP, viu sua
ex-empresa ganhar contratos que chegaram a R$ 192 milhões no governo de
José Serra (PSDB). Um crescimento de mais de 490% em relação ao que
tinha na gestão anterior.
Por sua vez Marisa de Oliveira Guimarães, assessora da Sabesp, é casada
com Alceu Bittencourt, que é diretor de outra consultoria, que tem
contratos com a Sabesp de R$ 103 milhões.
Uma curiosidade: em 2009, somente apresentaram propostas a VITALUX, COBRAPE e BBL, e ganharam as licitações de dois pregões que atingiram o valor de R$ 32,4 milhões.
Fica, portanto, evidenciada a ação de uma cartel dentro da Sabesp para
viciar licitações. Mas o silêncio de Geraldo Alckmin (PSDB) sinaliza que
o governador deveria ser coerente com o que afirmou em 2006, no debate com Lula: “ Não rouba e não deixa roubar”.
A grande imprensa só investiga a operação Castelo de Areia quando quer
atingir seus adversários políticos e cobra de Dilma ações contra a
corrupção, com claros fins de cindir a sua base de apoio, mas se cala e
não cobra providências das autoridades paulistas para coibir que
continuem a atuar empresas acusadas pelo próprio ministério público de
fraudar licitações.
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