Fernando Gallo, de O Estado de S.Paulo
A Fundação Padre Anchieta, mantida pelo governo de São
Paulo, pagou R$ 8,7 milhões a uma das empresas acusadas pelo Ministério
Público Federal (MPF) de desvio de dinheiro de convênios de capacitação
profissional no Amapá feitos pelo Ministério do Turismo. A Luaxe
Produções Comerciais e Eventos, cujo dono foi preso na Operação Voucher,
da Polícia Federal, é uma empresa de fachada.
A fundação - que operou a TV Assembleia de novembro de 2008 a fevereiro de 2011, período em recebeu R$ 45 milhões do Legislativo - afirma que desembolsou o dinheiro para aluguel de "todos os equipamentos necessários para a operação da TV Assembleia". O gasto foi feito em um período de 19 meses, entre junho de 2009 e fevereiro de 2011. Funcionários da TV disseram ao Estado nunca ter visto a Luaxe atuando no Legislativo.
A Luaxe foi uma das cinco empresas contratadas pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), pivô do escândalo no Turismo. Segundo o MPF, "nada do que o Ibrasi alega ter gastado (com a Luaxe) possui comprovação e, ainda que tivesse, estaria com o valor muito acima do mercado, evidenciando mais uma vez a fraude". A Procuradoria diz que "as três notas fiscais apresentadas pela Luaxe estão com a numeração borrada, havendo dúvida quanto à sua idoneidade".
A empresa tem sede em uma sala em um prédio comercial de Moema, na zona sul de São Paulo. O dono, José Carlos Silva Júnior, disse em depoimento à PF que a empresa tem apenas dois funcionários: ele próprio e uma secretária. A Luaxe não tem site na internet e o telefone fixo da empresa redireciona as chamadas diretamente para o celular de Silva Júnior. Um vizinho da empresa disse ao Estado que, nos dois anos e meio em que a produtora está no prédio, nunca viu algum equipamento de áudio ou vídeo entrar ou sair da sala.
Mais suspeitas. No fim de 2010, a Luaxe participou de uma licitação do Legislativo paulista suspeita de fraude. A empresa foi desclassificada da concorrência que selecionava a produtora que ia digitalizar o acervo da TV Assembleia a um custo de R$ 7,6 milhões.
Em junho, o Estado revelou que três funcionários afirmam que as outras duas empresas que participaram da concorrência - Rentalcine e América Produções -, que atualmente prestam serviços à TV do Legislativo, são do mesmo dono.
Fonte:Blog na rádio não toca
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