José Eduardo Cardozo
O
ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo - conforme leio nos
jornais - ofereceu ao governo paulista, do tucano Geraldo Alckmin
(PSDB), vagas nos presídios de segurança máxima federais para recolher
os principais figurões do Primeio Comando da Capital (PCC), a
organização criminosa que detém o poder no sistema presidiário do Estado
de São Paulo.
O governo federal está preocupado com a guerra
deflagrada em São Paulo, que provocou centenas de assassinatos desde o
início do ano. E que pode ter sido desencadeada duplamente, de um lado
pelo PCC vingando a morte de seus integrantes; de outro por milícias e
esquadrões da morte montados dentro da própria polícia paulista e que
estão fazendo "justiça" com as próprias mãos, na política do olho por
olho, dente por dente.
Nem isto se sabe, porque até agora o
governo de Alckmin não conseguiu concluir suas investigações. Ou se
concluiu não deu à sociedade satisfações sobre elas. Intensificada desde
13 de junho pp. a guerra já fez bem mais de uma centena de vítimas.
Escalada de violência atinge indistintamente civis e PMs
Na
semana passada uma chacina deixou oito mortos em Taboão da Serra, na
região metropolitana da capital. Num fim de semana foram 16 chacinados
na Baixada Santista. Desde o início do ano, 79 policiais já morreram
nesta carnificina. Destes, 76 estavam de folga, situação em que são os
alvos preferenciais para estes assassinatos.
O governo federal,
então, tentou ajudar na solução do problema. A União tem quatro
presídios federais de segurança máxima, os de Mossoró, no Rio Grande do
Norte, Catanduva, no Paraná, Campo Grande no Mato Grosso do Sul e Porto
Velho, em Rondônia.
Li e não acreditei na resposta dada pelo
governo de São Paulo à oferta do ministro da Justiça: a administração do
Estado recusou, ou não se interessou pela proposta porque teme que a
transferência dos figurões do PCC para outros Estados irrite os chefões
da organização criminosa e, em represália, eles aumentem a guerra.
São Paulo tem governo?
Mas,
que governo é este que não tem pulso e tem medo de enfrentar o crime
organizado? É certo que a polícia paulista, segundo afirmam os próprios
especialistas, está sem comando.
E continuará assim, no mínimo
até que o governo Alckmin encontre uma solução para a crise. Uma
alternativa - uma, friso, dentre várias que deveriam ser estudadas -
poderia ser a adoção e instalação de Unidades de Polícia Pacificadora
(UPPs), solução que tem dado certo no Rio, onde cerca de 40 áreas já
foram ocupadas e tomadas do controle do crime organizado e do tráfico.
Mas,
infelizmente, é difícil que tenhamos uma solução, quando o governo
estadual rejeita uma oferta dessas do governo federal. E enquanto o
governador Alckmin continuar dizendo que há "muita lenda" em torno do
poder do PCC e seu comandante da PM reforçar esta sua posição afirmando
que há "fantasias" a respeito.
(Foto: Renato Araújo/ABr)
Fonte:
Blog do Zé