O Ministério Público denunciou, outra vez, a teatral ação judicial
que o Governador de S. Paulo , Geraldo Alckmin iniciou, para se
“descolar” politicamente do escândalo de corrupção no cartel dos trens
paulistas.
“Os promotores José Carlos Blat e Silvio Marques afirmam em petição à
4ª Vara da Fazenda Pública da capital que a ação de Alckmin para pedir
indenização pelos prejuízos causados pelo cartel é “açodada e
incorreta”, pois não aguardou a conclusão das investigações do caso”,
informa a Folha, hoje.
Traduzindo: Alckmin mandou pedir indenização ao Estado por uma corrupção sem indicar quem foram os corruptos.
Embora o Brasil seja useiro e vezeiro em tratar a corrupção onde só
há corruptos sem corruptores – e a nova lei anticorrupção, em vigor
desde o mês passado, ajuda a por um fim nessa “festa” para as empresas –
creio que é a primeira vez que se pretende uma corrupção sem corruptos.
Não se trata, porém, de um “erro” ou de ”falhas” no processo, como é tratado o assunto pela Folha.
Não falta capacidade técnica aos procuradores do Estado paulista.
O caso é que o Governador, na ânsia de posar de vítima num processo
no qual, pelo menos, seus mais altos auxiliares estão envolvidos, usa
uma ação judicial do Estado como biombo político.
Um acinte ao zelo pela coisa pública, próprio de quem a trata como objeto de vantagens políticas.
E o pior é que tudo isso e passa diante de uma imprensa que, na
impossibilidade de esconder um escândalos destas dimensões, trata o
desvio de bilhões de reais como se fosse uma pequena traquinagem de
diretores e consultores de empresas.
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