Com um flanco aberto aos críticos por conta da prisão do ex-tesoureiro
João Vaccari Neto, o PT saiu da defensiva nesta sexta-feria, 17, e
apontou para a campanha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB).
Em reportagem da Agência PT de Notícias, o partido mostrou que dos R$
40,3 milhões arrecadados com doações para a campanha à reeleição de
Alckmin no ano passado, R$ 12,37 milhões tiveram origem nas 13 empresas
denunciadas por fraudes e formação de cartel em contratos relativos à
linha 5 do metrô paulistano, que ficou conhecido como “Trensalão
Tucano”.
Além do "Trensalão", duas das três maiores doadora à campanha do
governador paulista estão diretamente envolvidas nas investigações da
Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras: a
construtora Queiroz Galvão, a maior doadora, com R$ 3,9 milhões, e a
construtora OAS, que doou R$ 1,2 milhão à reeleição de Alckmin. A
segunda maior doadora foi a Serveng Civilsan, com doação exclusiva a
Alckmin, de R$ 2,8 milhões.
Além dessas, também fizeram doações oficiais à campanha de Alckmin, que
aparecem na prestação de contas do candidato ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), a Andrade Gutierrez, CR Almeida, Tiisa e Carioca
Engenharia.
Conforme o PT, investigações conduzidas pela Polícia Federal, Ministério
Público (Federal e de São Paulo) e Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) sobre o cartel de trens e do metrô abrangem o período
de 1988 a 2018. Elas ganharam impulso com as delações da ré confessa
Alstom, multinacional que passou a colaborar com as autoridades
brasileiras em 2012. Ela integrava o cartel.
Foi de 7,5% a participação do governador na arrecadação, de acordo com
testemunhos colhidos pelo Ministério Público e o Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade) citados em reportagem da revista IstoÉ.
Aplicada essa taxa ao valor retido judicialmente (mais de R$ 418
milhões), as doações do cartel ao tucano naquele período pode alcançar
mais de R$ 32 milhões, não declarados.
O valor refere-se apenas a ação que corre na Vara da Fazenda de São
Paulo, já que, em outro processo, a Justiça Federal decretou a retenção
de outros R$ 614,4 milhões, em dezembro, das contas de cinco
multinacionais e uma companhia nacional, acusadas de participação no
cartel.
Considerados os R$ 1,9 bilhão contratados pelo cartel com os governos de
São Paulo e Distrito Federal, o superfaturamento estimado pelo
Ministério Público e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) é de R$ 557 milhões.