Rodrigo de Grandis, o procurador que esqueceu pedido oficial da Suíça para investigar agentes do governo paulista
O escândalo das propinas pagas por multinacionais
como Alstom e Siemens a autoridades dos governos tucanos paulistas por
contratos no Metrô, trens e companhias estaduais de energia ganhou mais
uma página: o "gavetoduto". O Procurador da República encarregado do
caso, Rodrigo de Grandis, deixou de atender a uma solicitação de
investigação de suspeitos, feita pelas autoridades suíças, porque tal
pedido teria sido arquivado por engano (!!) em uma pasta errada dentro
do Ministério Público Federal de São Paulo. E lá ficou, esquecida.
Claro que, sem uma investigação do que possa ter ocorrido, ainda é cedo para afirmar que Grandis tenha agido com dolo, isto é, de propósito. Afinal, não estamos mais em tempos de tribunais medievais, apesar do rumoroso julgamento recente do chamado "mensalão" ter ignorado isto em vários momentos. Mas também não dá para simplesmente aceitar como explicação ter havido um mero erro administrativo de rotina, como tentou justificar-se o promotor, sem uma investigação.
O caso em questão é, senão o mais importante em termos de repercussão para a sociedade, um dos mais importantes nas mãos do procurador. Não é algo que se esqueça facilmente. Seria compreensível um erro administrativo deste tipo ocorrer entre centenas de casos de menor repercussão, como desvios de verbas em prefeituras de pequenas cidades, fraudes previdenciárias, sonegações fiscais de menor porte, que ocorrem às centenas e aos milhares.
Mas um escândalo internacional e bilionário, envolvendo o maior metrô do Brasil é único e é difícil compreender como coisas chamativas como esta solicitação de cooperação internacional seja extraviada, caia no esquecimento e passe desapercebida.
O Ministério Público Federal de São Paulo deve uma explicação bem melhor do que a de ter sido consequência de um mero erro administrativo. Deve explicar quem foi responsável pelo erro, por que ocorreu, por que os procedimentos foram tão falhos, e por que Grandis só diz ter percebido o erro após a revista IstoÉ ter noticiado que as autoridades suíças arquivariam o inquérito lá por falta de respostas do Ministério Público Federal brasileiro.
Explicações mais convincentes e transparentes são necessárias para o próprio bem do procurador e da instituição, senão as suspeitas de dolo ficarão no ar.
Há um forte sentimento de impunidade e falta de empenho em combater a corrupção em São Paulo com os tucanos prestes a completar 20 anos no poder. Há um sentimento de tolerância e reverência ao executivo estadual por parte dos órgãos de controle.
Um exemplo, que chega a ser acintoso, é Robson Marinho continuar no cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado dando aval e aprovando as contas do governador, quando já teve contas na Suíça atribuídas a ele bloqueadas justamente sob acusação de receber propinas da Alstom.
O pior dos mundos para a credibilidade das instituições paulistas será o Ministério Público Federal no estado sofrer contaminação – por pressões políticas ou infiltração – para não cumprir seu papel.
Além do Ministério Público, destaca-se também o novo vexame que protagoniza nossa imprensa tradicional, a maioria com suas sedes em São Paulo. Em 2008 demorou um mês após o Wall Street Journal noticiar nos EUA o escândalo da Alstom para os jornalões paulistas darem a notícia.
Depois disso, não houve o menor empenho de nenhum dos grandes veículos em fazer uma reportagem investigativa sobre o caso, apesar de haver farto material nos tribunais da Suíça, França, Reino Unido e Estados Unidos.
Isso só volta a mostrar o seletivismo de uma moral falsa quando escrevem editoriais falsamente indignados contra a corrupção, mas sequer fazem um esforço mínimo para, ao menos, depurar o governo a quem demonstram apoiar.
Claro que, sem uma investigação do que possa ter ocorrido, ainda é cedo para afirmar que Grandis tenha agido com dolo, isto é, de propósito. Afinal, não estamos mais em tempos de tribunais medievais, apesar do rumoroso julgamento recente do chamado "mensalão" ter ignorado isto em vários momentos. Mas também não dá para simplesmente aceitar como explicação ter havido um mero erro administrativo de rotina, como tentou justificar-se o promotor, sem uma investigação.
O caso em questão é, senão o mais importante em termos de repercussão para a sociedade, um dos mais importantes nas mãos do procurador. Não é algo que se esqueça facilmente. Seria compreensível um erro administrativo deste tipo ocorrer entre centenas de casos de menor repercussão, como desvios de verbas em prefeituras de pequenas cidades, fraudes previdenciárias, sonegações fiscais de menor porte, que ocorrem às centenas e aos milhares.
Mas um escândalo internacional e bilionário, envolvendo o maior metrô do Brasil é único e é difícil compreender como coisas chamativas como esta solicitação de cooperação internacional seja extraviada, caia no esquecimento e passe desapercebida.
O Ministério Público Federal de São Paulo deve uma explicação bem melhor do que a de ter sido consequência de um mero erro administrativo. Deve explicar quem foi responsável pelo erro, por que ocorreu, por que os procedimentos foram tão falhos, e por que Grandis só diz ter percebido o erro após a revista IstoÉ ter noticiado que as autoridades suíças arquivariam o inquérito lá por falta de respostas do Ministério Público Federal brasileiro.
Explicações mais convincentes e transparentes são necessárias para o próprio bem do procurador e da instituição, senão as suspeitas de dolo ficarão no ar.
Há um forte sentimento de impunidade e falta de empenho em combater a corrupção em São Paulo com os tucanos prestes a completar 20 anos no poder. Há um sentimento de tolerância e reverência ao executivo estadual por parte dos órgãos de controle.
Um exemplo, que chega a ser acintoso, é Robson Marinho continuar no cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado dando aval e aprovando as contas do governador, quando já teve contas na Suíça atribuídas a ele bloqueadas justamente sob acusação de receber propinas da Alstom.
O pior dos mundos para a credibilidade das instituições paulistas será o Ministério Público Federal no estado sofrer contaminação – por pressões políticas ou infiltração – para não cumprir seu papel.
Além do Ministério Público, destaca-se também o novo vexame que protagoniza nossa imprensa tradicional, a maioria com suas sedes em São Paulo. Em 2008 demorou um mês após o Wall Street Journal noticiar nos EUA o escândalo da Alstom para os jornalões paulistas darem a notícia.
Depois disso, não houve o menor empenho de nenhum dos grandes veículos em fazer uma reportagem investigativa sobre o caso, apesar de haver farto material nos tribunais da Suíça, França, Reino Unido e Estados Unidos.
Isso só volta a mostrar o seletivismo de uma moral falsa quando escrevem editoriais falsamente indignados contra a corrupção, mas sequer fazem um esforço mínimo para, ao menos, depurar o governo a quem demonstram apoiar.
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