Ninguém queria fazer perguntas a ele por medo do que ele poderia responder.
Foi mais ou menos o que ocorreu com Aécio Neves depois que perguntou a Luciana Genro quais eram suas ideias para a educação e ouviu umas verdades duras que tão cedo não esquecerá.
Foi Maringoni quem enfim colocou em discussão o assunto que mais comove hoje os paulistas: o drama da água.
O abastecimento de água é atribuição do governo de São Paulo, especificamente da Sabesp. De Alckmin, portanto.
Esse problema deveria supostamente custar a Alckmin a reeleição. Ou, pelo menos, complicá-la.
Mas não é o que acontece. Alckmin tem grandes chances de ganhar já no primeiro turno.
Por quê?
Maringoni, professor universitário e historiador, tem uma boa tese. Primeiro, Alckmin goza de imensa blindagem por parte da mídia. É como se ele nada tivesse a ver, por exemplo, com o escândalo do Metrô.
Depois, o cidadão médio não costuma atribuir responsabilidade por nada aos governadores. Prefeitos e presidentes são muito cobrados, mas governadores não.
Se acabar a água em São Paulo, é provável que os paulistanos pensem que a culpa é de Haddad ou de Dilma.
A Sabesp é uma pequena tragédia tucana, como mostrou Maringoni.
O governo paulista vendeu 49% das ações da empresa. As ações são negociadas na Bolsa de Nova York.
Em 2012, a Bolsa de Nova York celebrou o “Sabesp Day”. Ali, a diretoria fez prognósticos maravilhosos, registrados no site da companhia.
Até 2014, a Sabesp se comprometia a “oferecer 100% de água tratada, 100% de coleta de esgoto e 100% de tratamento de esgoto em todo o interior de São Paulo”.
Disse a presidente da empresa, Dilma Pena, na ocasião: “A cada novo ano, a Sabesp mostra ter condições de executar seu objetivo com eficiência, de maneira sólida, dinâmica, inovadora e sustentável em termos financeiros, ambientais e sociais.”
Em dez anos de Bolsa de Nova York, os papéis da Sabesp tinham se valorizarado, em 2012, 601%. É um poderoso sinal de que foram vendidos a preço vil.
Mas, como notou Maringoni, Alckmin parece nada ter a ver com a Sabesp.
Não fosse Maringoni, as pessoas que viram o debate da Record talvez não soubessem que caso seque a torneira de sua casa a culpa será de Alckmin.
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